segunda-feira, novembro 14, 2005

Era uma vez... Parte III

Os anos passaram e o amor entre Maria Teresa e António deu o seu primeiro fruto, o seu primeiro filho. Mas cá em Portugal a família de António começava a não suportar as saudades, de maneira que sua mãe, Clara, lhe pediu para regressar.

Eles fizeram as malas e com Maria Teresa já grávida do segundo filho, apanharam o navio rumo a Portugal. Para além deles, também veio um amigo que trabalhava com António na alfândega. Quando atracaram em terras lusitanas, António teve que se dirigir a Lisboa, para tratar dos documentos referentes à tropa, feita em Macau. Deste modo, Maria Teresa chegou ao porto de Leixões, na companhia do amigo de António.

Clara, que era uma senhora de muitas posses, era dona de várias casas que alugava aos pescadores, preparou uma grande festa para receber o seu filho, a sua nora e neto. Já tinha uma das suas casas ao seu dispôr e não aguentava de felicidade com a chegada da sua família.

Mas o que Clara não sabia, era que António não viria naquele momento, nem que Maria Teresa era de origem oriental... De maneira que, quando viu chegar dois desconhecidos, sendo que um deles era uma mulher chinesa, vestida a rigor, com um filho à costas e outro na barriga, não hesitou e deu logo por terminada a festa de recepção e mandou toda a gente embora.

Mesmo após a chegada de seu filho, Clara nunca perdoou António e em vez de lhe oferecer uma das casas, como fez às suas irmãs, alugou-lhe uma casinha, numa "ilha", pela módica quantia de 200 escudos por mês!! Isto há 60 anos atrás...

Maria Teresa e António passaram muitas tormentas, devido à crueldade/vingança de Clara. António viu o seu antigo negócio a ir por água abaixo e viu-se obrigado a ir para varredor de ruas. Maria Teresa cuidou dos seus filhos o melhor que pôde, mesmo depois de ter sido despojada de todos os seus pertences (tudo o que era tradicional chinês) e lhe ter sido "obrigado" andar sempre de avental.

Mas pode-se dizer que era uma família muito feliz, muito unida, onde todos se juntavam para sobreviver o melhor que pudessem. Não havia dia em que as crianças não iam para a rua com o seu banho tomado (que era raro na altura) e o seu lacinho ao pescoço ou na cabeça.

Apesar de tudo, António e Maria Teresa conseguiram educar as suas 7 crianças o melhor que puderam e foram felizes durante muitos e muitos anos...

Continua....

5 comentários:

Xuinha Foguetão disse...

A Clara era uma bruxa má...

Desculpa! Mas é verdade!

Beijocas e fico à espera da continuação.

Gambozina disse...

Hmmm, ideias de outras épocas (ou se calhar ainda desta época, mas vamos acreditar que não). Mas não deve ter sido fácil.
Eu adoro história, mas vejo-a de uma maneira particular. Mais do que saber datas e nomes de reis e batalhas, eu gosto de saber como viviam as pessoas em épocas diferentes da nossa. Às vezes vou ao Castelo de S. Jorge (por exemplo) e penso: onde eu estou sentada já estiveram pessoas tão diferentes de mim, pessoas que duvidavam sobre se a terra era redonda, etc. E por isso é que eu adoro estes relatos verídicos, aprendo sempre qualquer coisa gira.
Beijinhos
PS: eu nasci em Junho de 78

Agente Saraiva disse...

Infelizmente as mentalidades dessa epoca eram muito fechadas. No entanto, tudo que os nossos avós e seus filhos (mães e tios) passaram ve-se bem: somos uma familia extremamente unida!!!

Sara MM disse...

bolas... como se lembram de tudo isso... eu baralho as origens da famelga toda :o\

Bjs

Fitinha Azul disse...

Quero mais!